quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Igreja da Conceição da Praia não corre risco de desabamento






A Igreja da Conceição da Praia não corre risco iminente de desabamento, segundo informou nesta quinta-feira (22) a Defesa Civil de Salvador (Codesal). Segundo o órgão, o prédio da Basílica está sendo avaliada constantemente "com todo o cuidado que o ambiente necessita".

Em nota, a Defesa Civil diz que o principal ponto de monitoramento é o forro da nave da igreja. Uma equipe de engenharia do órgão está acompanhando o caso.

Segundo a Codesal, "existe apenas um deslocamento pontual", além de uma infiltração. Mesmo dizendo não haver motivo para pânico, a Codesal diz que existe uma necessidade de intervenção na igreja "o quanto antes".

Iphan
Em nota, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) diz que "adotou todas as medidas cabíveis para que o proprietário, neste caso, a Irmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição da Praia, executasse imediatamente as intervenções necessárias para sanar as patologias identificadas".

Segundo o Iphan, a irmandade não se mobilizou para tomar as atitudes necessários, "a despeito dos valores cobrados pelos serviços religiosos". A irmandade recebeu diversas notificações pelo Iphan e pela Defesa Civil.

Ainda de acordo com o Iphan, o fato da igreja ser tombada "não substitui a responsabilidade dos proprietários em conservar seus próprios" imóveis.

O blog Pensando Salvador de Osvaldo Campos Magalhães acrescenta que:

preciso ir à Conceição da Praia ver o estrago e, se for amante da Bahia, chorar diante do casarão desabado. Como em uma coreografia em que o que mais chama a atenção é o dançarino fora do ritmo, quem olha para a sequência de prédios do século XIX em frente ao mar é atraído pelo buraco no lugar. E que lugar! Um retrato fiel da Bahia, atrás do antigo Mercado Modelo que queimou em 1969, próximo à rampa onde aportavam saveiros, e além da Ladeira da Conceição, onde o ferreiro Zé Diabo esculpe adereços para terreiros de candomblé.

Com o desabamento, o conjunto perdeu integridade. A falta do prédio afeta a leitura do que está em volta. A Igreja da Conceição, do século XVII, ficou sem o ritmo que se mantinha como moldura. Quem for casar por ali verá os escombros da edificação. O turista, a caminho do Elevador Lacerda, se sentirá incomodado. E o empresário que tenta construir o Hilton Hotel, na casa de azulejos azuis, pensará na degradação do “cenário”, que, com uma mãozinha da prefeitura, se tornaria uma “riviera” tropical.

Tão velho quanto o desmazelo é a ladainha sobre a necessidade de se preservar a arquitetura de Salvador. A área agora mutilada é parte da poligonal classificada como Patrimônio da Humanidade em 1985. Antes, ao final dos anos 30, para protegê-la e às demais de valor cultural, Rodrigo Mello Franco de Andrade criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mas nem o reconhecimento pela UNESCO motivou uma política de conservação eficiente.

A legislação que protege a área é clara, como poucas. O Decreto-lei nº 25 não deixa margem para dúvidas. Mas precisa ser aplicado para que possa reverter a situação de abandono dos imóveis pelos proprietários e evitar tragédias como essa, que matou uma pessoa. Embora o compromisso do Iphan, combinado com gestores municipais e do estado em 2009, tenha anunciado uma série de providências, não foram repassadas notícias subseqüentes sobre o resultado.

Com ou sem Iphan, a prefeitura tem como responsabilidades exigir a manutenção dos prédios da cidade toda, impedir construções irregulares e fazer com que a qualidade de vida exista no espaço administrado por ela. O desprezo pelo patrimônio histórico é apenas um dos aspetos dessa atitude generalizada de pretensa ignorância que assola Salvador. Não é possível que as autoridades não saibam o que significa o que estão fazendo e o que não estão fazendo."

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